Tudo começa quando Robert é sequestrado pelos empregados de sua fábrica de guarda-chuvas, que estão em greve. Para acalmar os grevistas, Suzanne apela para o deputado-prefeito Maurice Babin (Gérard Depardieu), com quem teve um affaire quando eram jovens e cuja administração tem forte inclinação à esquerda.
Ao saber que sua vida foi salva por um comunista, Robert tem um infarto. Agora é preciso que alguém tome conta dos negócios, mas os filhos Laurent (Jérémie Renier) e Joëlle (Judith Godrèch) recusam essa tarefa, então cabe a Suzanne assumir o posto, notícia que é recebida com risos debochados dos filhos e até da secretária-amante do marido.
Mas Suzanne – relembrando a administração de seu pai, fundador da fábrica, que serviu como dote para o casamento – concilia os interesses dos empregados aos da própria empresa. Ao mesmo tempo, ela é a mãe que apoia os filhos, que passam por momentos difíceis: Laurent namora uma garota sem a aprovação do pai (pois supõe que ela seja fruto de uma de suas puladas de cerca), além de não saber ainda o que quer para sua vida profissional, já Joëlle tem planos de se separar de Jean-Charles, seu marido, que passa muito tempo viajando.
Em determinada cena, Joëlle diz que a mãe representa apenas um troféu para o pai, que ela não tem voz e que jamais aceitaria a condição secundária a que a mãe se submete. Mas Suzanne contraria as expectativas e se apresenta como símbolo do feminismo – tão em voga na época em que se passa a história –, ao qual Joëlle renuncia ao aceitar a chantagem do pai, que promete empregar Jean-Charles se ela ajudá-lo a retomar o cargo de diretor da empresa. Tendo perdido o controle da fábrica, Suzanne decide candidatar-se à deputada nas eleições seguintes.
Algumas pontas ficam um tanto soltas ao longo da trama, como a aparente homossexualidade de Laurent, o porquê da indiferença com que Suzanne trata uma eleitora na rua ou a ênfase que se dá à carona que Suzanne pega com um caminhoneiro (Sergi López) ao som de “Cucurrucucu Paloma”, de Tomás Mendez. Além disso, outro ponto negativo é a atuação de Judith Godrèch, que se perde no meio de tantos atores talentosos, principalmente os mais experientes.
Em contrapartida a esses mínimos defeitos, o figurino, assinado por Pascaline Chavanne, e a fotografia (sem crédito) são belíssimos e, embora trate de temas como o comunismo e o feminismo, em nenhum momento a obra soa panfletária. Temos, portanto, uma comédia agradabilíssima cujos pontos fracos são perfeitamente perdoáveis.
Filipe Teixeira
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