Tudo isso é muito bom para o cinema nacional, porque enche as salas, movimenta dinheiro e, claro, faz com que os nossos talentos sejam revelados e rompam os limites de uma produção televisiva. Mas há o lado ruim. Em Assalto ao Banco Central, de Marcos Paulo, por exemplo, esse lado ruim é o tom novelístico das atuações e dos diálogos. Não à toa, um dos personagens é interpretado por Eriberto Leão, galã da novela das nove.
A trama conta a história do assalto à sede do Banco Central de Fortaleza, em 2006, quando 164 milhões de reais foram roubados sem que fosse disparado um único tiro. Foi o maior assalto da história do país e o segundo maior do mundo. O filme começa meio 11 Homens e um Segredo, com a quadrilha sendo formada em meio a piadas e trocadilhos dando a entender que o roteiro seria linear. Já acostumadas com a linha narrativa, as duas moças que estavam ao meu lado perguntaram (em voz alta) se não seria mostrado o roubo em si quando o delegado Amorim (Lima Duarte) aparece dentro do cofre acompanhado da delegada Telma (Giulia Gam) já investigando a cena do crime. A partir de então a história é contada de duas pontas diferentes, intercalando as cenas da preparação do bando liderado por Barão (Milhem Cortaz) e dos depoimentos dados à Polícia Federal.
Muitas paisagens cearenses são mostradas durante o filme, como a Catedral Metropolitana de Fortaleza, o parque eólico de Aquiraz e o prédio do Banco Central do assalto em questão. Além das paisagens, alguns regionalismos foram inseridos na fala dos personagens, mas alguns soaram tão falsos que as cenas teriam ficado melhores sem eles, com exceção de Gero Camilo e Fábio Lago. A ação é bem desenvolvida e empolga, principalmente porque a trilha, de André Moraes, que acompanha as cenas é extremamente apropriada.
No fim, não se pode dizer que é um filme ruim, mas seus defeitos são bem marcantes, embora eu não ache que as pessoas na sala em que eu estava tenham se importado com isso, principalmente as duas moças ao meu lado, que aparentemente estavam preocupadas só com a fidelidade do roteiro à história real, o que fez com que elas chiassem quando Carla (Hermila Guedes) apareceu: “Essa mulher, inventaram, é só pra ter romance”.
Filipe Teixeira
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