Joel e Ethan Coen voltam ao gênero western desde o premiado Onde os Fracos Não Têm Vez, de 2007. Após Queime Depois de Ler e Um Homem Sério, comédias de humor negro lançadas, respectivamente, em 2008 e 2009, os irmãos Coen realizam desta vez uma refilmagem de Bravura Indômita, de 1969, dirigido por Henry Hathaway e protagonizado por ninguém menos que John Wayne, no papel do federal Cogburn, que, na produção atual, foi interpretado por Jeff Bridges.
O filme conta a história de uma garota de 14 anos, Mattie Ross (Hailee Steinfeld), que contrata por cem dólares o xerife (ou marechal, ou comissário, ou federal) beberrão Reuben “Rooster” Cogburn (Jeff Bridges) para vingar a morte de seu pai, assassinado por seu empregado, Tom Chaney (Josh Brolin). Porém a garota exige acompanhá-lo para certificar-se de que o serviço será realizado. Ao longo da jornada, junta-se a eles o Texas Ranger LaBoeuf (Matt Damon), que também está à procura de Chaney, embora por outros motivos.
Não é à toa que os irmãos Coen, desde Barton Fink - Delírios de Hollywood, são lembrados pelas principais premiações do cinema mundial, afinal eles aparecem com pequenos grandes filmes regularmente. Isso: pequenos grandes filmes, pois são aparentemente muito simples, como Fargo, Um Homem Sério, O Homem que Não Estava Lá, mas ao final percebe-se a grandiosidade de cada uma dessas produções, devido aos temas trabalhados – como a ganância, a futilidade, a traição – e à maneira segura como as tramas são conduzidas, principalmente os diálogos. Isso faz com que os filmes dos irmãos Coen figurem nas listas de dez mais de todo ano.
Com Bravura Indômita acontece o mesmo. É um filme despretensioso, um western como qualquer outro. Não há nada de novo: um narrador para apresentar e encerrar a trama, um fora-da-lei, uma vítima com desejo de vingança, um herói que se recusa (mas que depois aceita a tarefa), uma perseguição, alguns pontos de virada, o martírio do herói e, enfim, todos ficam felizes. Além disso, a história é repleta de Deus ex-machina, principalmente quando se aproxima do final. Somado a isso há o humor, marca característica de Joel e Ethan, muito bem utilizado na cena em que Cogburn e LaBoeuf disputam tiro ao alvo com rosquinhas de milho.
Mas até para fazer algo comum é preciso talento, e nisso os irmãos Coen não economizam. Desde a escolha do elenco – com o oscarizado Jeff Bridges no papel principal, a novata em longas Hailee Steinfeld e os sempre ótimos Josh Brolin e Matt Damon como coadjuvantes – até a escolha da equipe técnica – com destaque para seu diretor de fotografia de longa data Roger Deakins, que consegue secar nossa garganta com as imagens áridas do Velho Oeste.
O resultado, portanto, só pode ser uma grande obra, pois é conduzida por grandes artistas e realizada de maneira a cumprir aquilo a que se propõe. Não há excessos na produção, pois não são ultrapassados os limites do gênero e da própria trama, e é exatamente o respeito a esses limites que torna grandes os aparentemente pequenos filmes dos Coen.
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