sábado, 28 de maio de 2011

As doze estrelas


Alguns filmes brasileiros pecam por não parecerem filmes, e sim peças de teatro filmadas. Os atores interpretam como se estivessem num palco, orientados por um diretor que deve, claro, conduzi-los dessa maneira. Mas esse não é o principal nem infelizmente o único defeito de As Doze Estrelas, de Luiz Alberto Pereira. O filme é uma sucessão de equívocos.

A história não é nada verossímil, mas poderia ter sido transformada numa boa comédia: Herculano (Leonardo Brício) é um astrólogo contratado por um estúdio para entrevistar as atrizes que estrelarão a próxima novela. Cada uma é de um signo e, quando aparecem, agem de acordo com a descrição que lhes cabe no zodíaco. O astrólogo “entrevista” cada uma delas, que são na verdade caricaturas do signo que representam: desde as atitudes até os nomes. Nada soa natural. A impressão é que as atrizes estão lendo o horóscopo do jornal de tão pouco espontâneas que são. Suas ações apenas sublinham as características de seu signo e desafiam o poder interpretação do espectador.

Esse fato remete ao romance Praticamente Inofensiva, de Douglas Adams, quando o narrador critica o fato de as pessoas acreditarem que “blocos de pedra rodopiando no espaço” possam saber algo sobre o seu dia. No filme, não só o dia das atrizes, mas cada gesto, cada atitude, cada passo que elas dão são ditados pelos aspectos referentes a seu signo. O ponto culminante dessa falta de espontaneidade e criatividade é no signo de gêmeos, em que Mylla Christie interpreta duas atrizes gêmeas cujo sobrenome é Bis.

Em alguns momentos, o filme ganha tons surreais quando o astrólogo passa a sofrer a influência da casa do zodíaco que está investigando. Aí se evidencia outro defeito gritante do filme: a escolha de Leonardo Brício para protagonista. O único momento em que seu personagem convence é quando o ator mirim Max Weiss o interpreta, numa referência forçadíssima ao signo de câncer.

Outra inverossimilhança gritante é o fato de que a comunicação entre os personagens se dá por telegramas, embora todos possuam celular. Juntam-se a isso tudo a forma descarada como os patrocinadores são apresentados e o resultado é um filme ruim, dispensável, que nos remetem àquela pergunta: “Como permitiram que isso acontecesse?”

Filipe Teixeira


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